sábado, 22 de agosto de 2009

Estou a esperar...


Basta-me um pequeno gesto,

feito de longe e de leve,

para que venhas comigo

e eu para sempre te leve...

- mas só esse eu não farei.


Uma palavra caída das montanhas dos instantes

desmancha todos os mares

e une as terras mais distantes...

- palavra que não direi.


Para que tu me adivinhes,

entre os ventos taciturnos,

apago meus pensamentos,

ponho vestidos noturnos,

- que amargamente inventei.


E, enquanto não me descobres,

os mundos vão navegando nos ares certos do tempo,

até não se sabe quando...

e um dia me acabarei.


(Cecília Meireles)

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